Acto I, Cena I
Maria: Olá amiga, tudo bem?
Francelina: Sim, graças a Deus.
Maria: Sabes, estou com um problema com o meu filho, não me liga nenhuma. Quando fiquei viúva ele quis-me roubar as poupanças que o pai me tinha deixado, pois não lhas entreguei de boa vontade. Agrediu-me, roubou-me… A tareia foi tão grande que até ao hospital fui parar.
Francelina: A minha situação também não é melhor. Os meus filhos não querem saber de mim. Telefono, não atendem; escrevo cartas, não respondem. Neste meio tempo senti-me mal e fui para o hospital, de lá tentaram contactar os meus familiares e nada.
Juventina: Na verdade o meu querido irmão está com um grave problema e não consigo ajudar. Está metido nos meandros da droga…já tentei de tudo e não consigo tirá-lo desta vida. Para agravar a situação, injectou-se com uma seringa de um desconhecido que tem HIV. Fui com ele fazer o teste e aconteceu o pior, deu positivo.
Apolinizia: Ai amigas, as nossas vidas não estão fáceis… Cada uma com os seus problemas… E que problemas!
Juventina: O meu irmão já esteve tantas vezes em clínicas e comunidades terapêuticas mas volta sempre tudo ao mesmo, basta encontrar-se com os amigos.
Apolinizia: O meu irmão sofre do trauma da guerra de Angola. Os dias dele têm sido um inferno, já não sei o que deva fazer em relação a este problema.
Balbina: Bem, os problemas da Maria, da Francelina, da Juventina e também da Apolinizia, teremos que, em conjunto, tentar arranjar soluções e pedir ajuda a quem nos puder socorrer.
Apolinizia: E tu, querida Balbina, como vai a tua vida?
Balbina: Eu tenho um irmão que já está em Portugal há 20 anos, casou com uma portuguesa e não consegue de maneira nenhuma a sua legalização. O SEF exige papéis que não acabam nunca.
Acto II, Cena I
No final de uma tarde bem passada onde as emoções estiveram à flor da pele, houve espaço para rir, chorar… enfim, partilhar vivências. Depois deste encontro, as cinco amigas combinaram que dali a seis meses voltariam a encontrar-se, e, talvez quem sabe, com a resolução para os seus problemas.
Passados seis meses, as cinco amigas voltaram a encontra-se no mesmo sítio.
Maria: Olá querida Francelina.
Francelina: Olá querida.
Maria: Como está a situação dos teus filhos?
Francelina: Como sabem os meus filhos tinham-me abandonado, mas há pouco tempo o meu mais velho foi pai e realmente viu que me estava a fazer. Juntou os irmãos, telefonaram-me e encontrámo-nos. Agora, com a graça de Deus, somos de novo uma família.
Maria: Olha, o meu filho conseguiu finalmente pensar que aquilo que me fez não estava correcto, e agora já é meu amigo e nunca me deixa sozinha.
Apolinizia: Graças a Deus o meu querido irmão conseguiu recuperar depois de ter feito terapia de grupo. Os fantasmas da guerra parecem ter desaparecido de vez. Encontrou uma moça e refez a sua vida.
Juventina: O meu irmão também, depois de tanto sofrimento e uma vida dura, recuperou. Em relação ao problema do HIV, a doença está controlada. Tem tido acompanhamento médico e medicação. Apesar de não curar o vírus, permite-lhe ter alguma qualidade de vida. Tenho muito orgulho nele. Arranjou trabalho e afastou-se das más influências que tinha. Agora era importante arranjar uma companheira… Quem sabe?!
Balbina: Queridas, no fim, todos os nossos problemas se resolveram, até o meu mano se legalizou e tem uma vida tranquila e feliz.
As cinco amigas que por fim resolveram os seus problemas são agora mulheres felizes e realizadas.
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