sábado, 12 de dezembro de 2009

O DESABAFO DAS AMIGAS


Cinco amigas decidiram marcar um encontro numa casa de chá para falarem dos seus problemas. Em forma de desabafo, juntas tentaram arranjar soluções. Foram chegando aos pouco. Quando todas já estavam reunidas, entraram e escolheram uma mesa num recanto sossegado para estarem mais à vontade.


Acto I, Cena I


Maria: Olá amiga, tudo bem?

Francelina
: Sim, graças a Deus.

Maria
: Sabes, estou com um problema com o meu filho, não me liga nenhuma. Quando fiquei viúva ele quis-me roubar as poupanças que o pai me tinha deixado, pois não lhas entreguei de boa vontade. Agrediu-me, roubou-me… A tareia foi tão grande que até ao hospital fui parar.

Francelina
:
A minha situação também não é melhor. Os meus filhos não querem saber de mim. Telefono, não atendem; escrevo cartas, não respondem. Neste meio tempo senti-me mal e fui para o hospital, de lá tentaram contactar os meus familiares e nada.

Juventina
:
Na verdade o meu querido irmão está com um grave problema e não consigo ajudar. Está metido nos meandros da droga…já tentei de tudo e não consigo tirá-lo desta vida. Para agravar a situação, injectou-se com uma seringa de um desconhecido que tem HIV. Fui com ele fazer o teste e aconteceu o pior, deu positivo.

Apolinizia
:
Ai amigas, as nossas vidas não estão fáceis… Cada uma com os seus problemas… E que problemas!

Juventina
:
O meu irmão já esteve tantas vezes em clínicas e comunidades terapêuticas mas volta sempre tudo ao mesmo, basta encontrar-se com os amigos.

Apolinizia: O meu irmão sofre do trauma da guerra de Angola. Os dias dele têm sido um inferno, já não sei o que deva fazer em relação a este problema.

Balbina
:
Bem, os problemas da Maria, da Francelina, da Juventina e também da Apolinizia, teremos que, em conjunto, tentar arranjar soluções e pedir ajuda a quem nos puder socorrer.

Apolinizia
:
E tu, querida Balbina, como vai a tua vida?

Balbina
:
Eu tenho um irmão que já está em Portugal há 20 anos, casou com uma portuguesa e não consegue de maneira nenhuma a sua legalização. O SEF exige papéis que não acabam nunca.


Acto II, Cena I

No final de uma tarde bem passada onde as emoções estiveram à flor da pele, houve espaço para rir, chorar… enfim, partilhar vivências. Depois deste encontro, as cinco amigas combinaram que dali a seis meses voltariam a encontrar-se, e, talvez quem sabe, com a resolução para os seus problemas.

Passados seis meses, as cinco amigas voltaram a encontra-se no mesmo sítio.

Maria
:
Olá querida Francelina.

Francelina
:
Olá querida.

Maria
:
Como está a situação dos teus filhos?

Francelina
:
Como sabem os meus filhos tinham-me abandonado, mas há pouco tempo o meu mais velho foi pai e realmente viu que me estava a fazer. Juntou os irmãos, telefonaram-me e encontrámo-nos. Agora, com a graça de Deus, somos de novo uma família.

Maria
:
Olha, o meu filho conseguiu finalmente pensar que aquilo que me fez não estava correcto, e agora já é meu amigo e nunca me deixa sozinha.

Apolinizia
:
Graças a Deus o meu querido irmão conseguiu recuperar depois de ter feito terapia de grupo. Os fantasmas da guerra parecem ter desaparecido de vez. Encontrou uma moça e refez a sua vida.

Juventina
:
O meu irmão também, depois de tanto sofrimento e uma vida dura, recuperou. Em relação ao problema do HIV, a doença está controlada. Tem tido acompanhamento médico e medicação. Apesar de não curar o vírus, permite-lhe ter alguma qualidade de vida. Tenho muito orgulho nele. Arranjou trabalho e afastou-se das más influências que tinha. Agora era importante arranjar uma companheira… Quem sabe?!

Balbina
:
Queridas, no fim, todos os nossos problemas se resolveram, até o meu mano se legalizou e tem uma vida tranquila e feliz.

As cinco amigas que por fim resolveram os seus problemas são agora mulheres felizes e realizadas.

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